Tricotar memórias
- Bruna Sofia
- 27 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de jun. de 2021

Estava na esplanada do café aqui ao pé de minha casa, a tomar o meu café a seguir ao almoço, quando me deparo com uma senhora na casa dos seus 70 anos, a tricotar o que se assemelhava ser uma camisola de criança.
Nesse momento deu-me uma enorme nostalgia dos meus tempos de criança, fez-me recordar os momentos maravilhosos em que ia bater á porta das vizinhas da minha mãe e as chateava para que me ensinassem a mim e às minhas amigas a tricotar e a fazer croché.
Fez-me recordar que ia para casa delas quase todos os dias ao final da tarde, depois das aulas para que nos ajudassem a completar algo que estávamos a fazer, para comermos bolachinhas acabadas de fazer ou simplesmente para nós fazermos companhia umas às outras.
Acho que às tantas, elas já devias de estar fartas de nós mas não nos diziam ou davam a entender e mesmo assim juntavam-se todas no pátio ou em casa umas das outras e lá nos ensinavam pela milésima vez como fazer aquilo.
Gastavam tempo delas, paciência e dinheiro para nós proporcionar momentos únicos que nos enchiam o coração, a nós e a elas.
Lembro-me tão bem quando a minha mãe já me tinha chamado inúmeras vezes para jantar e só quando eu conseguia concluir o que estava a fazer é que ia, se não ficava lá até o conseguir fazer e às vezes tinha de ser uma das vizinhas a concluir para ser mais rápido e eu não levar um raspanete da minha mãe.
São momentos destes que nos enchem a alma e que nos fazem recordar todo o bom que já tivemos na vida, aqueles momentos que na altura não achávamos tão importante e que hoje em dia levamos isso como peso de ouro na nossa vida.
Naquela altura eram elas a ensinar-nos para que nos futuro fossemos nós a ensinar outros. Mesmo sem saberem elas estavam a ajudar a criar seres mais genuínos e responsáveis para a vida e estavam também a marcar as nossas vidas de certa maneira.
Hoje em dia enquanto adulta dou tanto valor a este tipo de coisas, faz-me ver que fui uma sortuda por ter sempre boas pessoas ao meu redor e que me ajudaram a ser a mulher que me tornei hoje.
Espero um dia proporcionar aos meus filhos tão bons momentos quanto os que tive em criança e que eles possam ser tão felizes e realizados como eu sempre fui há minha maneira, que possam ver que nas coisas simples da vida está a essência e que todos os momentos bons e menos bons fazem parte da nossa aprendizagem diária.
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