Na minha infância não havia redes sociais
- Bruna Sofia
- 17 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de set. de 2020

Nascemos na época de 80/90. Somos a geração que comeu Cerelac, Nestum com mel e papas de farinha Maizena, porque era o que nos davam ao pequeno-almoço. Metia-mos manteiga nas bolachas Maria e Nesquick no leite, era esse o nosso lanche e que sensacional era isso nessa época.
As nossas festas de aniversário tinham todo o tipo de comer em cima da mesa, mas principalmente o que não podia faltar era: sandes de fiambre e manteiga, tortas do supermercado e sumos da mercearia do bairro, coisa que os miúdos de hoje em dia não iriam dar valor, pois para nós era sinal que tínhamos a mesa cheia para os nossos colegas da escola, mas para eles é “apenas” comida rasca.
A nossa geração bebia coca-cola quando estávamos indispostos, mas primeiro as nossas mães tiravam-lhes o gás, para não ficarmos piores. Fazíamos coleções das tatuagens que saíam nos pacotes de batatas fritas de pacote e quando chegávamos ao pé das nossas mães com elas já carimbadas no corpo levávamos um sermão do piorio.
Apesar disto tudo, somos uma geração que aprendeu a comer sopa a todas as refeições e peixe cozido quando os nossos pais entendiam que assim o era e não reclamávamos, pois era sinal que tínhamos algo no prato para comer e não havia cá comidas especiais para quem não comece o que havia na mesa, comia-mos o que estava no prato ou não comia-mos mas nada o resto da noite.
Quando saímos da escola e acabávamos de fazer os trabalhos de casa sem nos queixarmos muito as nossas mães deixavam-nos ir para a rua brincar, até à hora do jantar e elas diziam: “Quando eu te chamar pela janela é para vires imediatamente, se não já sabes que ficas de castigo e a seguir já não vais”.
Somos da geração que jogar à apanhada, ao mata e à macaca era um sucesso entre grupos de amigos, somos da geração em que só tínhamos telemóvel a partir dos 12 anos e eram daqueles que só davam para ligar e mandar mensagens.
A nossa geração tinha de se levantar do sofá para mudar de canal na televisão, ouvíamos música nos leitores de CD que nos eram oferecidos no Natal, pois eram caríssimos e não tínhamos dinheiro para comprar um Mp3.
Eramos aquelas crianças que se levantam às 07h00, sem fazer barulho ou acordar os pais, fazíamos o nosso próprio pequeno-almoço e íamos ver Batatoon e as princesas da Disney quando passava na televisão (O que é vulgar agora, antes era uma coisa rara).
Mas acima de tudo eramos feliz, as nossas mães não tinham de nos fazer um ultimato para sairmos de casa, pois saímos de livre e espontânea vontade (até demais) , não tínhamos de ser obrigados a comer ou a fazer seja o que fosse e tivemos mães que faziam o que podiam para nos ver felizes diariamente, mesmo que o esforço que fizessem fosse enorme, elas no fim do dia davam-nos sempre um miminho.
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