Filme: A plataforma
- Bruna Sofia
- 15 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Goreng está preso voluntáriamente numa prisão vertical com um número de pisos desconhecido. Cada um desses pisos representa uma cela e cada cela tem dois ocupantes e um enorme buraco retangular no meio do chão, de onde se pode ver um precipício vertiginoso que desce desde o topo da torre até à base. É por lá que, todos os dias, desce uma mesa flutuante com um banquete cheio de lagosta, massas, pratos elaborados, bolos extravagantes e vinho.
Essa mesa serve para que os prisioneiros esfomeados se alimentem. A mesa parte cheia do piso de cima (ou piso zero, na história), onde os dois primeiros prisioneiros comem tudo o que lhes apetece, e todos os outros ficam apenas com os restos que vão sobrando após as múltiplas descidas ao longo do edifício. Sem querer dar spoilers acerca do filme em si para quem ainda não viu, mais acrescento que a mesa está apenas dois minutos em cada piso e ao fim de 30 dias os prisioneiros mudam de piso podendo passar, por exemplo, do piso 8 para o piso 202.
Este filme transmite uma dura crítica a sociedade dos dias de hoje, neste caso, as pessoas dos pisos mais acima os “ricos“ estão inundados de bens e não partilham com os mais “pobres”; as pessoas dos pisos mais abaixo estão na mais pura miséria e fazem tudo para sobreviver, inclusive matar os seus companheiros de selas, antes que eventualmente morram de fome; e as pessoas que estão no meio, o que chamamos na sociedade moderna de “classe média”, pessoas que se contentam com o que têm sem ser possível ter mais, mas não querendo nunca ter a menos. Eventualmente no meio de todas estas pessoas aparece alguém diferente, alguém revolucionário, um “herói” que possa querer alterar esta situação nem que para isso se sacrifique com a própria vida mas atinja o fim destinado.
A mensagem que o filme passa é que naquele suposto “buraco”, se todos comessem apenas aquilo de que precisavam e que lhes era necessário, a comida seria suficiente para chegar a todos os pisos, incluindo até aos pisos muito mais inferiores. O problema, como é óbvio, é que isso não e muitos acabam por morrer de fome ou a sobreviver daqueles que os querem matar. Isso acontece, tal como, na vida real devido ao egoísmo dos mais ricos.
Na minha opinião o filme não podia ter um timing para aparecer mais perfeito, pois no decorrer desta pandemia nacional, tem havido cada vez mais egoísmo por parte das pessoas, pois esvaziam as prateleiras dos supermercados todas, levando até mesmo coisas que não necessitam e que poderiam vir a fazer falta a diversas pessoas.
Atribuo o valor de 8, até porque é um filme que vale a pena perder tempo a ver, uma vez que nos ajuda a refletir a forma como a sociedade se comporta quando se encontra a atravessar as situações mais difíceis.
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